02092021
O QUE É TAXA SELIC?
A taxa Selic representa a taxa básica de juros do Brasil. Cada país tem seus próprios juros básicos, geralmente definidos pela autoridade monetária nacional, como os bancos centrais.
A Selic norteia todas as operações da economia brasileira que envolvem juros, como empréstimos, aplicações financeiras e financiamentos.
Em outras palavras, quando a taxa Selic sobe, os demais juros praticados no país também tendem a crescer. Pela mesma lógica, os juros costumam cair quando há um corte na Selic.
Embora pareça simples, esse processo não ocorre de forma mágica ou arbitrária. O cálculo da Selic envolve a atuação direta e constante do Banco Central no mercado interbancário de títulos públicos, como explicaremos mais adiante.
Outra característica importante da taxa Selic é que ela influencia diretamente os retornos de diversos investimentos de renda fixa, tanto dos títulos públicos quanto dos privados.
PARA QUE SERVE A TAXA SELIC?
A Selic é a principal ferramenta de política monetária do Banco Central para estabilizar a moeda e manter a inflação oficial dentro da meta do governo.
A lógica por trás do processo é a seguinte: a inflação é causada primariamente pelo consumo da sociedade.
À medida que a demanda por bens e serviços cresce, os preços em geral também aumentam; pelo mesmo raciocínio, os preços caem se a demanda diminui.
Um dos motores do consumo é a oferta de crédito — o acesso da população a empréstimos, linhas de crédito e financiamentos, por exemplo.
Quanto mais barato for o crédito, mais as pessoas tendem a gastar e, consequentemente, impulsionar a inflação.
Assim, a taxa Selic funciona influenciando o mercado de crédito para controlar o consumo: o governo reduz os juros básicos quando os preços estão caindo muito, e eleva os juros quando a inflação ameaça ultrapassar a meta.
Em outras palavras, podemos dizer que a Selic tem o efeito de aquecer a atividade econômica, ao ampliar a oferta de crédito, ou desaquecer a economia, ao limitar a quantidade de moeda em circulação.
COMO É CALCULADA A TAXA SELIC?
Quando falamos em Taxa Selic, o mais frequente é nos referirmos à meta da Selic, que é determinada pelo Banco Central.
Porém, antes de explicar como a meta é definida, vamos explicar o cálculo da Taxa Selic efetiva, também chamada “Selic over”, a partir de operações bancárias.
Vamos começar com uma definição bem objetiva: a taxa Selic efetiva é a média diária dos juros dos empréstimos interbancários lastreados em títulos públicos federais.
Se a descrição parece confusa, não se preocupe. Vamos detalhar abaixo alguns conceitos fundamentais para entender essa matemática.
Primeiro, é importante saber que os títulos públicos federais são uma forma de empréstimo que o governo federal toma para financiar suas atividades.
Em termos simples, o Banco Central vende um título hoje a um preço variável e compra de volta por um valor mais alto na data de vencimento.
A variação percentual entre o valor inicial e o valor final do título corresponde aos juros.
Para comprar e vender títulos aos bancos e corretoras, o Banco Central possui um sistema exclusivo para instituições financeiras chamado Selic — Sistema Especial de Liquidação e Custódia. É daí que vem o nome da taxa básica de juros.
Outro ponto importante é que, por lei, as instituições financeiras precisam manter uma parte do dinheiro captado diariamente em uma conta do Banco Central.
Esta regra é chamada depósito compulsório e serve para regular a circulação de moeda e aumentar a estabilidade do sistema financeiro.
Assim, se uma instituição chega ao final do dia com um valor menor do que o compulsório, ela deve tomar empréstimos de outras instituições para atingir a meta prevista na lei.
Aí entra a importância da Selic: através desse sistema, os bancos podem pegar e oferecer empréstimos uns aos outros dando títulos públicos como garantia.
Estes empréstimos têm duração de curtíssimo prazo e são liquidados dentro de 24 horas.
Ao final de cada dia, o Banco Central calcula a média de todas as taxas de juros praticadas pelos bancos neste tipo de operação, e o resultado desta conta é a Taxa Selic efetiva.
COMO É DEFINIDA A TAXA SELIC
A meta da Selic é determinada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, formado pelo presidente e diretores da autoridade monetária.
A cada 45 dias, o Copom se reúne para revisar a meta da taxa Selic. Cada reunião dura dois dias, quando os membros do Comitê discutem o cenário econômico do Brasil e avaliam se há necessidade de alterar a meta.
Se o Copom concluir que a inflação está muito acelerada e ameaça ultrapassar o teto da meta, os membros podem decidir elevar a Selic meta.
Desta forma, a oferta de crédito se contrai, o consumo é pressionado e a inflação tende a desacelerar.
Do contrário, se o Comitê avaliar que a atividade econômica está baixa e precisa de estímulo, os integrantes consideram cortar a meta da Selic.
Assim, a quantidade de moeda em circulação aumenta, favorecendo o consumo e os investimentos das empresas.
Também é possível que o Copom decida manter a meta inalterada, se chegar à conclusão que o último aumento ou redução ainda não causou o efeito desejável sobre a economia.
As alterações da meta da Selic costumam ocorrer em razões relativamente pequenas. Geralmente, as mudanças são de 0,25 pp, chegando a 0,5 pp em casos excepcionais.
Ao final da reunião, o Banco Central comunica a decisão em seus canais oficiais.
Na semana seguinte, o Copom publica a ata da reunião, em que detalha os motivos para o corte, elevação ou manutenção da meta.
Para o mercado financeiro, a ata do Copom é um documento extremamente valioso.
É através deste canal que o Banco Central divulga suas perspectivas para a economia brasileira, uma “prestação de contas” essencial para manter a confiança da sociedade na política monetária.
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